O mesmo
elemento que é sinônimo de proteção para as abelhas pode virar aliado dos
humanos contra a cárie. Assim como o própolis impede a entrada de umidade,
vento e luz na colmeia, ele pode combater alguns causadores da doença dental. A
resina coletada pelo inseto já é bastante usada por suas propriedades
antimicrobianas e anti-inflamatórias para tratar infecções de garganta. Contudo,
os benefícios para a saúde bucal ainda não eram conhecidos até uma recente
pesquisa brasileira.
O estudo
investigou 78 amostras de própolis orgânica, aquela que tem origem em
vegetações preservadas, e encontrou propriedades antioxidantes e antimicrobianas.
O estudo utilizou resinas do sul do Paraná e norte de Santa Catarina, em
diferentes apiários. Os pesquisadores quiseram identificar quais os compostos
químicos que estavam presentes nessa resina e a sua funcionalidade para a saúde
humana. “Identificamos que esse própolis age contra micro-organismos causadores
da placa dental, assim ele poderá controlar principalmente a cárie”, explica o
professor de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas, Pedro Rosalen,
que participou da pesquisa. Ele afirma que a composição química da própolis
orgânica traz mais benefícios para a saúde porque não tem traços de metais ou
outras substâncias derivadas da poluição e dos inseticidas.
Segundo
Rosalen, atualmente estão sendo realizados estudos pré-clínicos, em que o
própolis comum é utilizado em bochechos duas vezes ao dia, e os resultados têm
sido muito positivos. No entanto, ele afirma que ainda não há previsão de
começar os mesmos testes com o própolis orgânico, mas que a expectativa é que o
resultado seja igual ou superior. Se comprovado seus benefícios, o própolis
orgânico pode ser utilizado em pastas de dente e enxaguantes bucais de uso
doméstico.
O estudo
foi conduzido pelo engenheiro agrônomo Severino Matias de Alencar e, além de
Rosalen, também participaram a doutoranda Ana Paula Tiveron e a pós-doutoranda
Luciana Ferracini, o professor do Departamento de Farmácia Universidade Federal
de Alfena (Unifal), Masaharu Ikegaki, e pelo pós-doutorando do Instituto de
Ciências Biomédicas da USP, Bruno Bueno Silva.
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